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quinta-feira, 12 de abril de 2012

Teatro - Clássicos





A idéia aqui é criar um painel dos grandes nomes do Teatro Universal. São informações ligeiras e sem aprofundamentos, apenas com a intenção de apresentar para um público leigo, as figuras que inventaram, influenciaram ou mudaram a face do teatro através dos tempos. São Clássicos do Teatro Universal.

Vou seguindo a memória, a intuição e o material que estiver mais disponível.


Começo por:


Constantin Stanislavisk.






Stanislavisk















A ambição mimética, o sonho da coincidência fotográfica com a realidade e o fim da representação figurativa e simbólica definem o Naturalismo. Se dominamos o mundo podemos repeti-lo - Com essa máxima o teatro naturalista se introduzia e prometia novidades, como por exemplo, a recusa ao painel pintado, o cenário seria agora em três dimensões, os objetos seriam reais, o publico frontal e estático e a luz apenas no palco. A pretensão seria a de que o espectador esquecesse completamente que estava em um teatro assistindo a um espetáculo, induzido por uma interpretação que buscava provocar a emoção, a identificação e a catarse. O Naturalismo exerceu uma influencia tão forte para o teatro na virada do século XIX para o XX que até pouco tempo atrás, costumava-se achar que o bom teatro era aquele que conseguia repetir a realidade no palco e o bom ator, o que conseguia viver o personagem da forma mais realista e natural possível.
Nas suas montagens, Stanislavisk se esforçava para criar essa sensação de realidade e para isso criou para interpretação o que se convencionou chamar de quarta parede imaginária, que separava a platéia do palco. A impressão do real seria criada ainda através da reprodução perfeita, com uma precisa pesquisa histórica nos cenários e figurinos. Os objetos também eram reais e pesquisados de acordo com a época em que a ação da peça se passava. O Som produzido no palco e a luz para teatro (em desenvolvimento recente na época), também contribuíam com climas e efeitos que buscavam de forma obsessiva a perfeição, nada podia sair errado, pois destruiria a sensação de realidade.




Além dessa contribuição, que muitos hoje, com razão, acham um retrocesso na linguagem teatral, exatamente por não ser teatral (entendendo-se o teatral como uma leitura particular da realidade, que pode ser impressionista ou simbólica, por exemplo), e que hoje é mais adequada à linguagem televisiva e cinematográfica, Stanislavisk criou um poderoso sistema, um método de interpretação revolucionário, e o seu ponto de partida seria também a exatidão, dessa vez a exatidão psicológica. Esse sistema serve até hoje de base para todos os atores, iniciantes ou não e ainda é reproduzido praticamente em todas as escolas de teatro do mundo, inclusive e principalmente, na Actors Studio.

A interpretação dos seus atores era marcada pelo rigor, verdade e autenticidade, ele elabora suas teorias fundadas numa análise psicológica do comportamento humano, uma verdadeira investigação científica, utilizando a psicologia experimental da época e até os métodos parapsicológicos da ioga. Para Stanislavisk a arte dramática seria a capacidade de representar a vida do espírito humano em público e de forma estética. Talento, inspiração e intuição são experiências não conscientizadas, a ciência não explicava as reações químicas para se chegar à inspiração e como ela era provocada, apenas o artista genial a conseguia intuitivamente. Pensando nisso ele opta pela técnica, opta por chegar racionalmente a um processo que regesse uma boa interpretação, para isso teria que estudar e compreender como agem os personagens (que é um ser humano com toda a sua complexidade interior), concluindo que deveria entender todos os aspectos da complicada ação humana na vida real. Resumindo, teria que estudar os processos naturais que regem a ação na vida real e transferi-las para o teatro. Para ele a técnica libertaria o espírito.





Procurava fazer preceder no ator a consciência sobre o inconsciente (sede de inspiração). Para isso introduz exercícios físicos, de relaxamento e respiração, cultiva a prática da observação, da imaginação e da concentração absoluta. O Ator Stanislavkiano reconstrói psicologicamente seu personagem com minúcia extrema, usando os dados fornecidos pela peça e imaginando da forma mais concreta possível através da pesquisa, o que lhe falta, o passado e os objetivos futuros do personagem, suas reações diante de diversas situações, etc.. Criou o que se chama em teatro de Fé Cênica, que é a crença absoluta na verdade da cena. Extirpou da interpretação, os truques, vícios e a impostações, tão comum da época, lhe conferindo autenticidade.
O Teatro de Arte de Moscou e Stanislavisk mantiveram uma parceria perfeita com Tckecov e Gorki. A montagem dos seus principais textos acabaram por resultar em espetáculos memoráveis. A relação entre Tckecov e Stanislavisk era afável, mas complicada dizem, gerando passagens risíveis principalmente em função dos preciosismos, detalhes e exigências de pequenos acertos e mudanças que o encenador propunha, por causa da sua decantada exatidão.
Para quem quer se aprofundar em seus estudos, suas obras traduzidas para o português são: Minha vida na Arte; A preparação do Ator; A Criação de um Papel; A Construção da Personagem e o Manual do Ator. Estes livros contam todas as suas experiências e experimentos e descrevem seu método. Escrito no Brasil, o melhor livro e o que desvenda, explica  e organiza todo seu método em 10 aulas, é o Ator e Método de Eugênio Kusnet.

Se quiserem saber em quem Stanislavisk se inspirou e de quem recebeu as primeiras influencias,  podem pesquisar: O francês André Antoine, fundador do Théatre-Libre, ator, crítico e encenador. O ator italiano Tomaso Salvini e sua forma de atuação e a Companhia Teatral dos Meininger. Existem também incontáveis livros que comentam sua obra.

No final da vida, ainda curioso sobre a arte que abraçou, Stanislavisk chegou a convidar Gordon Craig (1872-1931 - teatrólogo britânico, que tinha uma notável concepção teatral, caracterizada pelo Antinaturalismo, que com uma nova concepção de arte promoveu uma renovação no teatro europeu do século XX), cujas teorias não eram do seu agrado, Stanislavisk queria montar Hamlet com ele no seu Teatro.

Chico Expedito


Final da carreira e vida

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