Qual a Cara da Cultura em
Sobral?
Entre o Eclipse e a Relatividade
A
Cultura em Sobral tem uma cara? Tem uma tendência? Uma vertente? O Teatro, as Artes Plásticas, o Artesanato, a Culinária, a Dança, a Fotografia Artística, o Áudio Visual, a Musica, enfim, às formas de Arte que são produzidas em Sobral
tem alguma ressonância, aqui ou fora daqui? Difícil responder, difícil
também esgotar o assunto em um só encontro.
Em
2011 em uma Oficina que ministrei em Sobral, promovida pelo SESC e Secretária
da Cultura, intitulada “Arte e Debate”. Um dos dias foi
dedicado a uma reflexão sobre esse tema. Contou com a presença de muita gente
ligada a Arte em Sobral, todas as áreas estavam de alguma forma, representadas,
menos as Artes Plásticas. Estava lá também o Secretário de Cultura, que foi
chamado não pelo cargo, mas por ser a figura reconhecida que é entre nós, como
arquiteto e artista. Todos falaram das suas experiências, do carinho e da
vontade de ver Sobral se desenvolvendo também na área Cultural. O tom não era
de crítica e sim de reflexão e constatações. Não chegamos a nenhuma conclusão
definitiva, era de se esperar, um tema desse não se esgota numa única reunião, proponho
continuar com a nossa reflexão. Vamos a algumas das constatações.
Falamos
da percepção clara que temos e da importância que Sobral vem adquirindo em
outras áreas da vida social e comunitária no cenário brasileiro,
notadamente nas duas últimas décadas. Não entendemos porque Sobral, sendo a
Sobral importante que achamos e conhecemos, não é citada também como uma referência
na área Cultural. Porque Sobral não se torna também, um pólo gerador de cultura
de importância no Estado do Ceará. Foi com certo orgulho, mas também com
tristeza, que percebemos a quantidade e a qualidade de agentes e valores
artísticos que moram e trabalham na cidade, mas vimos também que muitos estão
migrando ou já migraram para outros centros e os quantos que conhecíamos, que
por um motivo qualquer não estavam presentes... Estão dispersos ou sem pontos
de referências, sem um ponto de encontro, sem o seu centro do universo, algum
lugar onde a Arte seja discutida, aprendida, estudada e praticada.
As
Cias. Permanentes de Teatro e Dança, duramente tentam sobreviver e manter sua
produção. Os independentes se fecham em clausura, tentativas e reclames, tentam
sozinhos levar adiante os seus sonhos, tentam se superar.
Dá
pra perceber e percebemos, que faltam e faltam muito, a iniciativa, a experiência e a formação por grande parte da classe, mas faltam também políticas culturais
concretas e continuadas por parte dos órgãos públicos que regem a cultura e que
por ela são responsáveis. Não que não realizem Eventos, shows, eles existem e
às vezes são grandiosos, (a maioria vinda de fora e que nem sempre deixam
frutos ou alimentam a produção local), é claro que essas iniciativas são bem
vindas, apenas seria bom que participássemos e produzíssemos também essa festa. Comemoramos também as datas e festas populares, mas falta uma política
que garanta a formação, a valorização do artista local e principalmente a
continuidade da produção. O resultado disso é que ao longo do tempo, nossa
cidade vem perdendo seus talentos, ou por pura desistência, ou para outros centros mais avançados culturalmente do Estado
e do País.
Vimos
também e vibramos com a área de Musica, que tem dado frutos e rendido
belos trabalhos. Os ventos parecem soprar novas esperanças, nesse novo despertar
da ECOA, torcemos e estaremos juntos pra que dê certo, achamos que o momento é
propicio nesse cenário que se desenha pela frente na Prefeitura.
Constatamos,
é claro e por fim, que nos falta Escolas ou Cursos pensados e continuados, no
campo da formação técnica e estética das Artes, seja em Teatro (em
todos os seus elementos formativos), como também em Artes Plásticas,
Dança, Cinema, Fotografia de Arte, Designer, etc.
Temos
consciência que a qualidade é que vai nos trazer a credibilidade e o respeito... E que a qualidade vai se tornar moeda de troca quando formos exigir mais. Acreditamos que a
qualidade no trabalho e a continuidade na produção nos valorizam, é o que vai
inspirar uma resposta positiva do público e nos dar força para cobrar dos
órgãos públicos uma política mais concreta. Em Sobral, sobram espaços físicos e
talentos, e faltam, iniciativas da classe e vontade política.
Insistimos
que com uma formação Artística adequada, politicas culturais concretas, continuidade de produção, seriedade
nos nossos objetivos e principalmente com trabalhos de qualidade, nós, os
artistas de Sobral alcançaremos a credibilidade e a valorização necessárias.
Portanto vamos ao trabalho, vamos dar opções ao público da cidade, eles não
precisam se deslocar, pelo menos nem sempre, para outros centros, para ver e
consumir arte de qualidade. Por fim, ninguém verbalizou, mas ficamos com a
nítida impressão que a cara de Sobral se mostra de fato, quando o assunto é a discussão e a disputa política, mas não precisa ser só isso.
Chico Expedito

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